MacArthur, contudo, não partilhava dos princípios jurídicos em que assentava a figura de criminosos de guerra: O princípio de considerar criminosos de guerra os líderes políticos de uma guerra perdida era, para mim, repugnante. Considerei que tomar essa atitude violava os mais elementares princípios do direito criminal. Assim o pensava e isso mesmo deixei bem claro, sublinhando que a responsabilidade criminal deveria recair por inteiro nos responsáveis pelo ataque a Pearl Harbor, acção esta praticada sem a prévia declaração de guerra, como exigem o Direito Internacional e os costumes.
Julgamento e acusação
Com esta posição, MacArthur furtou-se a qualquer responsabilidade nos processos que se seguiram. No final do julgamento de Tóquio, cujas sessões se iniciaram a 3 de Maio de 1946, MacArthur deu ordens expressas para proibir que os fotógrafos captassem imagens da execução dos condenados à pena capital, alegando que uma decisão contrária poderia ofender a sensibilidade do povo japonês.
É este o motivo por que Hideki Tojo, considerado culpado de todas as acusações proferidas contra si e condenado à forca, não foi fotografado no patíbulo.
As últimas noites da sua vida foram passadas a escrever poemas - dentro da tradição romântica japonesa. Num deles, Tojo, então com 62 anos, depede-se da sua mulher com o seguinte verso: Espero por ti, flor de lótus, na outra margem.
Tojo nada tinha de um líder carismático nem, tão pouco, se distinguira, enquanto general, pelo seu heroísmo ou pela sua popularidade. Não seria nunca um Hitler ou um Mussolini. Limitava-se ao seu papel de general do Estado Maior, ambicioso mas demasiado formal. Ninguém pareceu ficar emocionado com a sua morte na forca nem, como sucedeu com outras figuras, se ergueu um mito em torno do seu nome. A única imagem que guardaram dele foi o ataque traiçoeiro contra Pearl Harbor no dia da infâmia.