Posteriormente, Montagu contactou discretamente a família do morto, tendo-lhes dado as garantias de que o corpo seria usado para uma causa patriótica e que eventualmente iria receber uma sepultura digna, apesar de com outro nome. A família consentiu com a condição de que a verdadeira identidade do homem morto jamais seria divulgada. Com tudo isto, a equipa de Montagu chegou à conclusão de que seria possível levar a cabo a operação. No entanto, tal operação precisaria de um nome, tendo, como é típico no macabro humor britânico, escolhido o nome Mincemeat, ou em português, Carne Picada.
O passo seguinte foi o de criar uma nova identidade para o corpo. Inicialmente, pensaram que deveria ser um oficial do exército, no entanto, o processo burocrático para a identificação de baixas era muito complexo, sendo também possível a fuga de informação. Também não poderia ser um correio da marinha, visto que havia grande dificuldade em arranjar um uniforme. Sendo assim, considerou-se que o corpo pertenceria aos Royal Marines. No entanto, existia mais um problema relacionado com o facto de que os Royal Marines correspondiam, mesmo em tempo de guerra, a um grupo muito pequeno e cujos e membros eram muito chegados. Com isto, decidiram que o corpo corresponderia a um Capitão (actuando como Major) chamado William Martin, nome bastante comum entre os soldados dessa unidade.
Tendo já um nome e um cargo, a equipa de Montagu precisava de fabricar melhor a identidade do Major Martin, tornando-o numa pessoa real. Para isso, atribuíram-lhe uma noiva, com fotografias e cartas de amor, tudo arranjado pelas secretárias do departamento de Montagu. A acompanhar o Major iria uma carta do pai, contas para pagar, chaves, fósforos, moedas, bilhetes de teatro e muitos outros objectos normalmente nos bolsos de um homem. As datas dos bilhetes de teatro, das contas e das cartas foram cuidadosamente coordenadas com a suposta partida de Inglaterra. Finalmente, a equipa encontrou uma pessoa viva cuja aparência era razoavelmente parecida à do morto, tendo esta sido fotografada para se criar um bilhete de identidade falso. Para reforçar o lado descuidado da personalidade de Martin, o novo bilhete de identidade encontrava-se assinalado como em lugar do Nº09650 perdido. Curiosamente, o número original era o número real da identificação de Montagu.
Enquanto a operação não era levada a cabo, o corpo foi preservado numa câmara frigorifica. Iniciou-se então a fase da criação dos falsos documentos ultra-secretos a transportar na mala do Major Martin. O Comité XX decidiu que para se convencer os alemães de que a invasão aliada não iria ocorrer na ilha Sicília, os documentos teriam de referir que os Aliados invadiriam primeiro a Sardenha, estabelecendo aí um dos dois pontos de partida para o ataque a Sicília. Decidiu-se incluir também os planos para o desembarque das tropas aliadas nos Balcãs e nas proximidades de Kalamata, na Grécia.
Os planos para a suposta invasão foram relatados numa carta pessoal de um alto oficial para outro alto oficial aliado. Montagu decidiu que a carta devia ser escrita pelo General Sir Achibald Nye, subchefe do pessoal do Estado-maior Imperial, ao General Sir Harold Alexander, o comandante britânico no Norte de África sob o comando do General Dwight D. Eisenhower. Na carta, Nye explicava a razão do pedido de Eisenhower para a operação de cobertura centrada nas ilhas gregas ter sido negado. Essa operação de cobertura tinha sido planificada para ser lançada a partir do Egipto pelo Marechal de Campo Sir Henry Wilson, o comandante chefe no Médio Oriente.
A carta seria usada para dois objectivos. Um deles era do de sugerir que seriam lançadas duas operações no Mediterrâneo (uma a Este e outra a Oeste). Também servia para identificar Sicília como a operação de cobertura de uma verdadeira operação a Oeste. Isso fazia com que a Sardenha fosse o alvo a Oeste e o território continental grego e os Balcãs fossem o alvo a Este.
Por forma a corroborar a carta de Nye, o Major Martin também levava uma segunda carta do Lord Louis Mountbatten, chefe das Operações Combinadas, para o Almirante Cunningham, Comandante chefe das Operações Navais no Mediterrâneo. A carta referia o objectivo da viagem do Major Martin, no papel de um especialista nas operações anfíbias emprestado por Mountbatten para o planeamento das operações no Mediterrâneo. Para apresentar Martin, Mountbatten menciona que Martin tinha tido sucesso no ataque a Dieppe, apesar do fracasso dos oficiais encarregues das operações terrestres. Tal seria a primeira vez que as forças britânicas admitiam que o ataque a Dieppe tinha sido tudo menos um sucesso. A carta de Mountbatten continha também um comentário extra sobre o facto das sardinhas (sardines) estarem a ser racionadas na Inglaterra, correspondendo a um jogo de palavras para a ilha Sardenha (em inglês, Sardine). Tal jogo de palavras era um isco que, segundo Montagu, os alemães não iriam resistir em não morder.
O Major Martin deixou a Inglaterra pela última vez a 19 de Abril de 1943, num contentor de latão com gelo seco a bordo do submarino HMS Seraph comandado pelo Tenente Comandante (mais tarde Almirante) N. A. Jewell. Dias depois da partida, um avião da RAF atacou o Seraph por engano fazendo quase terminar a operação em desastre. Mesmo antes do amanhecer do dia 30 de Abril, o submarino emergiu quando se encontrava a cerca de uma milha da costa espanhola próximo de Huelva. Depois da tripulação do submarino trazer para a coberta o contentor onde se encontrava o Major Martin, Jewel ordenou que estes regressassem para o interior do submarino, permanecendo apenas os altos oficiais na coberta. Até esse momento, apenas Jewel é que sabia o que se encontrava no interior do contentor. Rapidamente explicou aos oficiais o objectivo da operação, sendo que depois disso prepararam o corpo para o lançamento. Colocaram um colete salva-vidas no corpo e colocaram a mala com os documentos presa ao corpo, rezaram uma oração do Serviço de Enterros Navais e lançaram o corpo à água. O próprio movimentar do submarino ajudou a que o corpo se deslocasse em direcção à costa. Poucas horas depois, um barco de pesca resgatou o corpo transportando-o para o porto. O agente da Abwehr daquela zona fez o resto.
Depois de algum atraso diplomático e burocrático, o governo espanhol acabou por entregar a mala, aparentemente por abrir, à embaixada da Inglaterra. Assim que os documentos chegaram a Londres foram examinados microscopicamente, tendo revelado que os papéis haviam sido manuseados e, presumivelmente, fotocopiados. Em relação ao corpo, as previsões de Spillsbury confirmaram-se acerca dos testes post-mortem realizados em Espanha. Quando se teve a certeza de que os documentos estariam a ser analisados pelos serviços secretos alemães, foi dito ao primeiro-ministro Winston Churchill que a carne picada foi toda comida. O Major Martin foi enterrado poucos dias depois em Huelva com todas as honras militares e rodeado de flores enviadas pela sua suposta noiva e família. A edição de 4 de Junho da The Times referia a morte de Martin na lista de baixas. A Abwehr teve em conta todos estes aspectos.
Os serviços secretos alemães consideraram os documentos autênticos. A 12 de Maio de 1943, os documentos chegaram finalmente às mãos de Adolf Hitler, tendo este emitido a ordem para dar prioridade às operações na Sardenha e no Peloponeso (Grécia) e para o reforço das defesas na Córsega e Sardenha. Para além disso, Hitler enviou uma brigada adicional das Waffen SS para a Sardenha, o Marechal de Campo Erwin Rommel para Atenas, uma divisão Panzer vinda de França e duas outras vindas da Rússia para a Grécia, algo que piorou a situação nessas frentes nomeadamente na frente russa. Simultaneamente, os alemães preparavam-se para o confronto em Kursk.
Quando os Aliados invadiram a Sicília depararam-se com as tropas italianas e alemãs quase completamente desprevenidas. Os Aliados desembarcaram na costa Sul de Sicília, sendo que as defesas da ilha estavam mais presentes na costa Norte, virada para a ilha de Sardenha. Uma grande parte das divisões italianas ficou arrasada de imediato. Os alemães, sob o comando do Marechal de Campo Albert Kesselring, iniciaram uma resistência determinada mas acabaram por se retirar para Messina. No dia 17 de Agosto de 1943 a Sicília havia sido tomada pelo sétimo exército do General George Patton e pelo oitavo exército do Marechal de Campo Bernard Montgomery, provando que a Operação Mincemeat havia sido um estrondoso sucesso.
Passadas várias décadas da operação, iniciaram-se as especulações acerca da verdadeira identidade do homem que nunca foi. O historiador britânico Roger Morgan, depois de 16 anos de investigação, publicou um livro onde afirma que o corpo do homem que foi usado para a Operação Mincemeat correspondia a Glyndwr Michael, um vagabundo, filho de pais iletrados da cidade mineira de Welsh e que não tinha feito nada de positivo ao longo da sua vida. Contudo, as especulações não pararam, chegando-se a afirmar que tal homem se tinha suicidado com veneno para ratos ou que tinha morrido com uma doença hepática. Especulou-se, igualmente, que o corpo que se encontra no cemitério de Huelva como sendo de William Martin corresponde na verdade a um marinheiro que morreu após o submarino britânico HMS Dasher onde se encontrava ter sido atacado por engano por forças amigas a 27 de Março de 1973, indicando que o corpo do suposto Major Martin teria sido enviado para Inglaterra.