Características | |
Comprimento | 18,9 m |
Diâmetro | 7,6 m |
Volume | 538 m3 |
Altitude Alcançada | 1.524 m |
O balão barragem era simplesmente um saco com gás mais leve que o ar agarrado a um cabo de aço ancorado ao chão. O balão podia ser elevado e abaixado à altitude desejada através de um guincho. A finalidade engenhosa: negar o espaço aéreo de baixo altitude aos aviões inimigos. Esta simples missão permitia ter três grandes benefícios:
- forçava os aviões para maiores altitudes, fazendo com que diminuísse o efeito surpresa e a precisão de bombardeamento;
- melhorou as defesas aéreas baseadas em terra e a habilidade dos caças alcançarem os alvos, visto que aviões intrusos eram limitados a altitudes e a direcção; e
- o cabo apresentava um perigo definitivamente mental e material para os pilotos.
Cientes destas capacidades, os britânicos viram no balão barragem uma forma viável de contrariar os ataques de baixo altitude durante as guerras mundiais.
Durante os últimos anos da Primeira Guerra Mundial, os britânicos empregaram o balão barragem na resposta aos ataques a Londres feitos pelos bombardeiros Gotha alemães. O sucesso do balão barragem na Primeira Guerra Mundial abriu caminho para o seu uso na Segunda. Nessa altura, em vez de um punhado de balões, milhares de balões encheram os céus britânicos. Novamente, os balões foram parte da solução para contrariar os voos rápidos, de baixa altitude dos bombardeiros e caças alemães e em proteger instalações chave. Os britânicos acreditavam que um sistema de defesa aérea integrado deveria usar todas as armas viáveis de defesa aérea para própria protecção - uma combinação que incluía os principais meios dos caças, artilharia antiaérea e os balões. A única alteração no balão da Primeira Guerra Mundial disse respeito ao conceito de avental (constituído por mais que um balão juntos). Em vez disso, foram usados balões individuais porque podiam ser elevados mais rapidamente e eram de mais fácil manuseamento. Assim, em 1936 com as nuvens da guerra a escurecerem o horizonte, o Comité Defesa Imperial autorizou a construção de 450 balões para a protecção de Londres.
Com a capital seguramente coberta, os balões barragem começaram a ser deslocados para ancoragem de frotas de navios e portos em áreas ameaçadas. Apesar dos campos aéreos também os tenham requisitado durante os primeiros meses da guerra, os balões não se encontravam disponíveis devido à produção lenta e às perdas provocadas pelos combates e pelo mau tempo. Contudo, graças a uma nova fábrica e balões, o sistema de barragem tinha 2.368 balões no final de Agosto de 1940 e iria manter aproximadamente 2.000 balões operacionais até ao fim da guerra.
Estes números demonstram a grande valorização que os britânicos deram aos balões. Eles até formaram o Comando de Balões em 1938, um comando independente sob a liderança do Marechal-do-Ar Sir E. Leslie Gossage, para controlar os 52 esquadrões operacionais de balões barragem estacionados ao longo da Grã-Bretanha. O Comando de Balões foi encarregue com a tarefa de criar barragem de balões maiores envolvidos na protecção das cidades britânicas, assim como pontos-chave como áreas industriais e portos. Estavam também com a função de proteger tudo ao nível do chão da ameaça de voos a baixa altitude dos bombardeiros alemães. Os balões barragem, que eram colocados à altura de mais de 1.500 metros, forçariam estes aviões a voar a grande altitude, fazendo com que fossem menos precisos, e trá-los-ia para o alcance das armas antiaéreas. Eventualmente, este comando consistiu em 33.000 homens. A quantidade de equipamento e de pessoal conta apenas uma parte da história. Desempenho em combate é o principal indicador do sucesso de um sistema de armas, e os balões tiveram um teste completo durante a Segunda Guerra Mundial.
A meio de 1940, existiam 1.400 balões, um terço dos quais se encontrava sobre a área de Londres. Em 1944, o número subiu para perto dos 3.000. Mais tarde na guerra, os balões barragem passaram a combater a bomba voadora V-1.
Os balões eram enormes (em média, cerca de 18,9 metros de comprimento e 7,6 metros de diâmetro), fixos às estruturas protegidas pelos mesmos ou a carrinhas através de um guincho. Em 1944, os balões foram transportados para criar um anel à volta do sul de Londres e combater a ameaça dos V-1 com um razoável grau de sucesso - tanto como 100 V-1s atingiram os cabos dos balões. No entanto, não foi tudo fácil. Alguns balões foram atingidos por relâmpagos enquanto outros foram alvo de disparos - 50 balões foram destruídos num único dia quando se encontravam estacionados à volta de Dover. (O físico escocês Arthur Vestry [1869-1959] planeou mais tarde um método para proteger os balões barragem dos relâmpagos.)
Durante a Batalha de Inglaterra e no decorrer da guerra, os balões provaram o seu valor. Para além de protegerem cidades e portos estratégicos, os balões barragem instalados em barcos protegeram os estuários dos aviões de colocação de minas. Um relatório de guerra tornado público demonstrou o seu desempenho: Depois da semeadura de minas mecânicas, a realocação de várias unidades do sistema de balões barragem para sítios como o Estuário do Tamisa, e alguns outros canais, resultou na redução efectiva das operações aéreas de semeadura de minas pela Força Aérea alemã. Os cabos dos balões barragem frustraram com sucesso as tentativas alemãs de alcançar o efeito surpresa, em voos de baixa altitude em Dover.
O incidente de Dover merece elaboração porque ofereceu, nas palavras do Marechal-do-Ar Gossage, uma clara indicação do respeitos deles [alemães] para com o balão barragem britânico. Numa tentativa de eliminar os balões de Dover, os alemães aplicaram um grande esforço nos finais de Agosto de 1940. Destruíram 40 balões mas perderam seis aviões no processo. Para azar dos alemães, 34 novos balões surgiram no dia seguinte. O Marechal-do-Ar Gossage comentou a acção: Os balões protectores continuam a voar sobre Dover. O ataque à barragem provou-se muito custoso... Em geral, com os maiores ataques aos balões barragens terminados, o inimigo percebeu que o jogo não valia a pena. O facto, no entanto, que ele desejou destruir os nossos balões é por si só uma prova da utilidade da barragem. Durante a altura do Blitz, 102 aviões embateram nos cabos, resultando em 66 despenhamentos ou aterragens forçadas.
Depois da Batalha de Inglaterra, os balões continuaram a provar a sua eficácia em combate. Devido às grande perdas durante o dia, os alemães passaram a realizar ataques nocturnos. Os caças nocturnos defensivos ainda se encontravam num estado rudimentar de desenvolvimento. Sendo que as armas e os balões tiveram de fazer a maior parte do trabalho contra os bombardeiros alemães. Mesmo com os avanços na tecnologia dos caças nocturnos, foi da opinião de Londres que os balões e as armas continuavam a ser essenciais. Dois exemplos ilustram o sentimento de Londres. Primeiro, uma barragem instalada recentemente em Norwich surpreendeu os alemães e dispersou o seu bombardeamento ao forçá-los a atacar abaixo dos 2.400 metros. Segundo, os balões barragem em Harwich salvaram a cidade de um ataque com 17 bombardeiros porque os alemães seguiram para o alvo secundário em Ipswich-Felixstowe, um lugar não protegido por balões. Em grande parte, os balões diminuíram a gravidade dos ataques nocturnos sobre Inglaterra ao deter os bombardeamentos precisos. Acidentalmente, em Fevereiro e Março de 1941, provocaram a queda em várias partes da Grã-Bretanha de sete aviões inimigos depois destes terem embatido nos cabos.
Apesar da actividade aérea alemã sobre Inglaterra ter diminuído gradualmente, o mesmo não ocorreu para a actividade do balão britânico. As unidades do Comando dos Balões acompanharam as tropas no Norte de África e em Itália, onde protegeram praias de ataques de baixa altitude. Quatro mil homens responsáveis pelos balões fizeram parte da invasão da Normandia, atravessando o canal no Dia-D para proteger os portos artificiais, portos capturados e munição dos Aliados. Mas talvez o melhor exemplo dos balões em combate ocorreu durante a ofensiva dos V-1 contra Londres em 1944. Mais uma vez, os balões foram parte integral do sistema de defesa aérea e, neste caso, formaram a terceira e última linha de defesa contra a arma de baixa altitude. Aproximadamente 1.750 balões de toda a Grã-Bretanha foram acumuladas à volta de Londres, formando o que um oficial britânico chamou a maior cortina de balões da história. Apesar das armas e dos caças terem destruído a maioria das bombas V-1 (1.878 e 1.846, respectivamente), os balões foram creditados com 231 mortes. Basicamente, tal foi o último festejo dos balões barragem britânicos, porque com o fim da guerra em 1945, também foi o fim para os balões do Comando dos Balões.
A Grã-Bretanha não foi o único país interessado nestas barreiras aéreas. Muitos americanos ficariam surpreendidos por saber que os Estados Unidos tiveram a sua própria e extensa defesa com balões de barragem durante o início da Segunda Guerra Mundial. De facto, grandes áreas da Costa Ocidental tiveram cortinas de balões a proteger cidades, fábricas e portos. Em Agosto de 1942, aproximadamente 430 balões defenderam importantes áreas da Califórnia, Oregon e Washington de ataques de baixa altitude. Algumas unidades de balões foram também enviadas para além-mar para combate. Nos finais de 1943, por exemplo, baterias de balões do Exército foram destacadas para lutar no Mediterrâneo.
A campanha do norte-africana tinha uma grande frente e, como era de esperar, grandes áreas tinham defesas aéreas insuficientes. Os balões forneceram protecção a importantes portos, melhorando as defesas antiaéreas existentes. Por exemplo, em Agosto de 1942, a defesa aérea a proteger Oran, Argélia, requisitou 60 balões para o seu sector com o intuito de desencorajar torpedeamentos, bombardeamentos a pique, e bombardeamentos em ataques de baixa altitude. Perto de Outubro de 1943, três baterias americanas de balões barragem (cada uma com 45 balões) operaram em vários portos no Norte de África e Itália. Quando o porto de Nápoles foi capturado, uma bateria de balões operou aí como parte de uma protecção geral desse porto de ataques aéreos. Nápoles era crucial para as operações Aliadas em Itália: Entre os portos [mediterrâneos] Nápoles era o mais importante para a linha de comunicações Aliada; durante Janeiro de 1944 o porto serviu mais tonelagem que qualquer outro porto no mundo com a excepção de Nova Iorque. Apesar de ser próximo das frentes alemãs e de ter sofrido muitos ataques aéreos, Nápoles tinha um sólido sistema de defesa aéreo e sofreu apenas estragos ligeiros. Um oficial de antiaérea do Quinto Exército declarou que um bom sistema de defesa do porto consistia em vários elementos, incluindo um amplo número de balões barragem. As actividades da defesa aérea AAF no Mediterrâneo resumem-se à operação com balões nesse teatro: Apesar dos balões barragem americanos não terem tido uma importância primária no sistema de defesa aéreo Aliado, foram sem dúvida um elemento suplementar aos caças e antiaéreas.