Lebensborn ou Primavera da vida, foi um dos mais secretos e terríveis projectos levados a cabo pelos nazis. Heinrich Himmler criou o Lebensborn a 12 de Dezembro de 1935 com o objectivo de tornar a raça germânica pura, ou seja, esta sociedade (Lebensborn Eingetragener Verein ou Sociedade Lebensborn Registada) oferecia a jovens mulheres racialmente puras a possibilidade de secretamente dar à luz uma criança. O bebé ficava então a cargo das SS que tratava da respectiva educação e adopção.
As crianças nasciam em casas mantidas especificamente para tal (ver tabela abaixo). Inicialmente, estas casas serviam para que as mães tivessem os seus filhos, no entanto, com o objectivo de criar uma super-raça, as SS transformaram estas casas em locais de encontro entre mulheres alemãs racialmente puras e oficiais das SS. Muitas das crianças nascidas no Lebensborn, uma vez que ficavam a cargo das SS e sem o contacto com as mães e sem afecto dos pais tornaram-se autistas.
A partir de 1939, o lado mais negro da política do Lebensborn foi o rapto de crianças racialmente aceitáveis nos países ocupados da Europa de Leste. Estes raptos eram organizados pelas SS com o intuito de recolher as crianças que tinham os traços da raça ariana (cabelo louro, olhos azuis, etc.). Milhares de crianças foram transferidas para os centros Lebensborn com o objectivo de serem germanizadas. Nestes centros, tudo era feito para que as crianças rejeitassem e esquecessem os seus pais biológicos. Como exemplo, as enfermeiras das SS tentavam persuadir as crianças que estas tinham sido deliberadamente abandonadas pelos seus pais. As crianças que recusavam a educação nazi eram castigadas, sendo que a maioria era finalmente transferida para campos de concentração (normalmente era o de Kalish na Polónia) e exterminadas. As restantes eram adoptadas por famílias SS.
Em 1942, como represália ao assassinato de Heydrich (governador das SS) em Praga, uma unidade das SS exterminou toda a população masculina numa pequena localidade chamada Lidice. Durante esta operação, alguns funcionários das SS realizaram a selecção de crianças. De todas as crianças, 91 foram consideradas passíveis de serem germanizadas e enviadas para a Alemanha. As restantes foram enviadas para campos de concentração especialmente feitos para crianças (como Dzierzazna e Litzmannstadti) e mais tarde exterminadas.
É praticamente impossível saber o número exacto de crianças raptadas nos países ocupados do Leste da Europa. Em 1946, foi estimado que mais de 250.000 foram raptadas e enviadas à força para a Alemanha. Apenas 25.000 regressaram à sua família legítima após a guerra. É sabido que muitas das famílias alemãs se recusaram a devolver as crianças que haviam sido recebidas dos centros Lebensborn. Em certos casos, as próprias crianças recusavam regressar à família original, tendo sido vítimas da propaganda nazi que lhes tinha convencido que estas eram verdadeiramente alemãs. Sabe-se igualmente que muitos milhares de crianças que não eram passíveis de serem germanizadas foram simplesmente exterminadas.
País | Local |
Alemanha [1944] |
Bad Polzin [2] Bofferding bei Luxemburg [1] Gmunden/Traunsee [1] Hohenhorst [2] Klosterheide [2] Nordrach [2] Pernitz/Muggendorf [2] Schalkhausen/Krs. Ansbach [1] Ansbach [1] Steinhöring [2] Wernigerode/Harz [2] Wiesbaden [2] |
Bélgica | Wegimont bei Lüttich [2] |
Dinamarca | Copenhaga [2] |
Governo Geral da Polónia |
Krakau (em projecto) [2] Otwock (em projecto) [2] Warschau (em projecto) [2] |
França | Lamorlaye bei Chantilly [2] |
Holanda | Nijmegen (em projecto) [2] |
Noruega |
Bergen [2] Geilo [2] Godthaab [1] Hurdalsverk [2] Klekken [2] Os [1] Oslo [2] Stalheim [1] Trondheim [2] |
[1]Orfanato [2] Maternidade |