Contexto histórico
A terrível guerra do Pacífico - uma batalha numa grande extensão de terra, ar e mar - continuava. Depois do ataque a Pearl Harbor, o Japão conquistou as Filipinas, a Malásia, as Índias Holandesas e Burma. Tropas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Austrália e da Nova Zelândia tentaram parar o avanço japonês, que alcançou o seu ponto mais alto na Primavera de 1942. O ponto de viragem da guerra do Pacífico apareceu no mês de Junho de 1942 aquando da Batalha de Midway. A vitória americana em Midway acabou com a esperança do Japão de controlar o Pacífico. Os Estados Unidos da América deram início a uma longa contra-ofensiva, tendo recapturado algumas ilhas do Pacífico que o Japão havia ocupado. Em Outubro de 1944, os EUA esmagaram finalmente a frota japonesa na Batalha do Golfo de Leyte, nas Filipinas.
Mas o Japão recusava a rendição. Os Estados Unidos pretendiam terminar a guerra com a rendição incondicional do Japão. Para além disso, também queriam evitar mais batalhas como as de Iwo Jima e Okinawa, onde tinham tido baixas muito pesadas. Estes factores fundamentaram os planos americanos de se usar a bomba atómica.
Os Estados Unidos nos finais de 1941 estabeleceram um programa secreto que ficou conhecido por Projecto Manhattan, com o objectivo de desenvolver a bomba atómica, uma arma nuclear extremamente potente. O alvo do projecto, dirigido pelo físico J. Robert Oppenheimer, era o de construir uma bomba atómica antes da Alemanha nazi. Depois da morte de Roosevelt em Abril de 1945, Harry S. Truman tornou-se o presidente dos EUA e um acérrimo defensor do programa de desenvolvimento da bomba atómica. Nesta altura, a nova arma tinha dois intuitos. Primeiro, podia ser usada para forçar o Japão a render-se incondicionalmente. Segundo, a posse da bomba iria permitir aos Estados Unidos, e não à URSS, o controlo das políticas do pós-guerra.
Deveriam os Estados Unidos da América usar a bomba para terminar com a guerra com o Japão? Quais eram as opiniões em 1945? Um opinião era a de invadir o Japão, que Truman considerava que iria custar mais de meio milhão de vidas americanas. Alguns historiadores estimaram a perda de vidas humanas entre 25.000 e 46.000, apesar destas figuras considerarem apenas a primeira etapa da invasão projectada para Novembro. Uma segunda opinião era a de não exigir a rendição incondicional, tendo de existir uma negociação com o Japão. Uma terceira alternativa era a de permitir que a União Soviética invadisse, terminando a guerra com o Japão, o que iria reduzir a influência norte-americana na política do pós-guerra. Os cientistas que desenvolveram a bomba atómica debateram este assunto. Alguns consideraram errado o lançamento da bomba sem aviso prévio e apoiaram a explosão demonstrativa por forma a convencer o Japão a render-se. Na opinião de Oppenheimer, tal era muito incerto e arriscado; só o choque de se usar a bomba numa cidade japonesa forçaria o Japão a render-se. O presidente Truman concordou.
No dia 6 de Agosto de 1945 os Estados Unidos lançaram a bomba atómica sobre Hiroshima. A 8 de Agosto a URSS declara guerra ao Japão. No dia seguinte os EUA lançaram uma bomba atómica ainda mais potente sobre Nagasaki. A 2 de Setembro o governo japonês, que tinha jurado lutar até à morte, declarou a rendição incondicional.
Deveriam os Estados Unidos da América ter lançado a bomba? Críticos da decisão censuram a perda de vidas humanas. Consideram que qualquer das alternativas teria sido preferível. Outros pensam que só a bomba, usada da forma como foi usada, poderia ter terminado a guerra. Acima de tudo, ambos concordam que tal salvou inúmeras vidas americanas. A bomba também impediu a invasão soviética do Japão e deu aos EUA a enorme influência no mundo pós-guerra. Para que não haja dúvidas acerca disto, Truman escreveu mais tarde: Eu considerei a bomba como uma arma militar e nunca tive dúvidas de que ela deveria ser usada.