No momento em que a campanha do Norte de África tinha terminado com êxito, o próximo alvo estratégico dos Aliados era a Sicília. Situada no meio do Mediterrâneo, esta ilha servia de ponto intermédio entre o Norte de África e a Europa ocupada. No entanto, o terreno montanhoso de Sicília favorecia os defensores. Os Aliados tinham de manter em absoluto segredo os pontos para o desembarque na ilha. No entanto, tal não era suficiente, na medida em que os defensores da ilha poderiam prever esses possíveis pontos para o desembarque, reforçando-os a ponto de conseguir derrotar qualquer força invasora.
A solução para esse problema foi encontrada por dois oficiais britânicos, Ewen Montagu e o Sir Archibald Cholmondley. Foi Cholmondley o primeiro a sugerir que fossem anexados a um corpo documentos falsos dos Aliados, deixando-os cair nas mãos dos alemães.
O estratagema era bastante simples, o que era difícil era conseguir enganar os alemães. Primeiro, havia que evitar que os alemães desconfiassem dos enormes preparativos da invasão da Sicília na Operação Husky. Depois, era necessário que os serviços secretos alemães não descobrissem nenhuma falha no plano, o que poderia levar ao reforço das defesas na ilha Sicília. Apesar de tudo isto, Montagu acreditava que seria mais difícil convencer os responsáveis Aliados de que o plano iria resultar que enganar os alemães.
Era um plano bastante complexo. O primeiro problema era a forma de como entregar o corpo aos alemães. Inicialmente, considerou-se que a melhor forma de o fazer seria a de fazer aterrar o corpo a partir de um pára-quedas parcialmente destruído. No entanto, tal não seria convincente uma vez que era extremamente raro que um tripulante de um avião transportasse consigo documentos tão secretos. Para além de tudo isto, existia o problema de que uma autópsia ao corpo revelaria que este já se encontrava morto muito antes de alcançar o território inimigo. Por outro lado, os alemães não achariam estranho que um corpo a flutuar no mar tivesse morrido muito antes de ser resgatado. Assim sendo, esta solução iria eliminar o problema do facto do corpo transportar documentos ultra-secretos em território inimigo.
A equipa de Montagu decidiu que o corpo seria um correio aliado morto aquando da queda do respectivo avião no mar tendo, posteriormente, dado à costa. Os serviços secretos recorreram a um submarino para que fosse possível colocar o corpo o mais próximo da costa sem serem detectados. Tendo em conta tanto a estreita relação entre os governos de Espanha e Alemanha como a forte presença dos serviços secretos militares alemães (Abwehr) em território espanhol, a costa espanhola era uma boa solução.
Depois surgiu o problema de como encontrar um corpo que servisse para o objectivo, com a idade, aparência e com a causa da morte adequada ao plano traçado. A procura de um corpo com as características desejadas teria de ser realizada com muito cuidado, tendo de se fornecer o mínimo de informação acerca da futura utilização do mesmo para que os serviços secretos alemães não pudessem descobrir o plano. Estando quase a desistir, a equipa responsável pela operação tomou conhecimento de um homem com 34 anos de idade que havia morrido de pneumonia. Para além da causa da morte, os pulmões desse homem encontravam-se cheios de fluidos, reforçando a ideia de que o homem teria estado à deriva no mar durante alguns dias. Montagu consultou o médico patologista forense Sir Bernard Spillsbury, tendo este afirmado que o fluido que se encontrava nos pulmões do morto não era muito diferente do fluido que se esperaria encontrar nos pulmões de alguém que permaneceu a flutuar no mar durante algum tempo. Spillsbury também lhe disse: Você não tem nada a temer de um exame post-mortem espanhol; para detectar que este jovem homem não morreu depois do avião se despenhar no mar seria preciso um patologista com a minha experiência, e não existe nenhum em Espanha.