O cônsul honorário de Portugal em Munique, Wilhelm Schmidhuber, desempenhou entre 1940 e 1942 papel destacado num núcleo de conspiradores anti-nazis. Mas estava ao mesmo tempo envolvido num volumoso tráfico de divisas e foi preso devido a uma imprudência. Ao ser interrogado, prestou declarações fatais para os outros participantes da conspiração.
A Gestapo já desconfiava de uma possível conspiração. Foi então que prendeu um traficante a vender dólares na estação de comboios de Praga, tendo este declarado que se encontrava a cumprir ordens de Schmidhuber. Sob a pressão da Gestapo sobre o cônsul de Portugal, os conspiradores, com receio de serem denunciados nos interrogatórios, convenceram Schmidhuber a simular uma viagem de trabalho para Itália. No entanto, a Gestapo não desistiu, tendo o cônsul sido aconselhado a marcar a viagem para Portugal. No dia da partida a Gestapo prendeu Schmidhuber.
No decorrer dos interrogatórios, as declarações do cônsul de Portugal comprometeram os conspiradores, sendo estes executados na fase final da guerra, na sequência do atentado anti-hitleriano de 20 de Julho de 1944. Quanto ao cônsul português, foi convencido a demitir-se pelo chefe da Legação, Pedro Tovar de Lemos, o mesmo que num processo disciplinar paradigmático fizera rolar a cabeça de Aristides de Sousa Mendes.
No fim de tudo isto não se sabe se o cônsul de Portugal terá sobrevivido à prisão nem se o Governo português terá efectuado alguma diligência para se informar da sorte do antigo cônsul.