Toca do Lobo cujo nome original é Wolfsschanze, foi o nome de código escolhido para um dos muitos quartéis-generais que Adolf Hitler tinha durante a Segunda Guerra Mundial por várias partes da Europa.
A decisão sobre a construção do complexo foi tomada por volta do Outono de 1940 considerando vários factores:
- local apropriado para coordenar operações na União Soviética (após a ofensiva alemã aquando da Operação Barbarossa) dada a sua proximidade com a fronteira da União Soviética;
- a Prússia Oriental era uma das zonas mais fortificadas do Reich;
- local afastado das principais estradas;
- isolamento graças às cerradas florestas da Masúria e aos próprios lagos dessa região que serviam de barreira natural contra tropas terrestres.
A construção inicial da Toca do Lobo que terminou em 1941 esteve a cargo do grupo de construção e engenharia fundado nos anos do Terceiro Reich: Organisation Todt. Mais tarde houve um plano de expansão mas que não chegou a ser terminado uma vez que os trabalhos foram interrompidos poucos dias antes do avanço do exército vermelho em Novembro de 1944.
O complexo encontra-se a cerca de 8 quilómetros de Rastenburg na Prússia Oriental (actualmente Ketrzyn, Polónia) no meio da floresta Masúria e rodeado por campos de minas e arame farpado, o que perfazia 6,5 Km2 de área ocupada.
As três zonas de segurança que constituíam Wolfsschanze eram organizadas da seguinte forma:
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Sperrkreis 1 (Zona de Segurança 1)
- continha o bunker do Fuhrer;
- 10 bunkers camuflados e protegidos por 2 metros de betão armado;
- abrigos de betão para o círculo mais próximo de Hitler como Hermann Goering, Martin Bormann, Wilhelm Keitel e Alfred Jodl.
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Sperrkreis 2 (Zona de Segurança 2)
- instalações militares e alojamento para os ministros do Reich como Albert Speer, Joachim von Ribbentrop e Fritz Todt;
- o batalhão de escolta pessoal de Hitler também se encontrava alojado nesta zona.
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Sperrkreis 3 (Zona de Segurança 3)
- área de segurança do complexo com campos minados, tropas das forças especiais e torres de controlo.
O complexo tinha a sua própria central eléctrica e era servido por uma base aérea e linhas de comboio.
Wolfsschanze foi usado pela primeira vez por Hitler na noite de 23 de Junho de 1941.
Quando aí se encontrava, a rotina era a de ir passear o cão por volta das 9-10 horas da manhã e às 10:30 verificava o recém-chegado correio. Ao meio-dia, Hitler tinha uma reunião no bunker de Keitel e Jodl para um ponto da situação e que durava normalmente 2 horas. Após essa reunião, Hitler almoçava e sempre no mesmo lugar (entre Jodl e Otto Dietrich e à frente de Keitel, Martim Bormann e o ajudante de Goering, o general Karl Heinrich Bodenschatz).
O café era servido às 5 da tarde, seguido de uma segunda reunião para o ponto da situação militar com Jodl às 6 da tarde. O jantar começava às 7:30 da tarde e seguia-se a visualização de filmes, monólogos de Hitler para a sua comitiva ou, ocasionalmente, Hitler e o resto da comitiva escutavam sinfonias de Beethoven, Wagner ou outras óperas ou mesmo música alemã.
Desde 1941, Hitler esteve 800 dias em Wolfsschanze nos seguintes intervalos:
- 24 de Junho de 1941 - 16 de Julho de 1942;
- 1 de Novembro de 1942 - 7 de Novembro de 1942;
- 23 de Novembro de 1942 - 17 de Fevereiro de 1943;
- 13 de Março de 1943 - 19 de Março de 1943;
- 9 de Maio de 1943 - 21 de Maio de 1943;
- 1 de Julho de 1943 - 18 de Julho 1943;
- 20 de Julho de 1943 - 27 de Fevereiro de 1944;
- 14 de Julho de 1944 - 20 de Novembro de 1944.
O último dia de Hitler no complexo foi 20 de Novembro de 1944 depois da chegada do exército vermelho à fronteira da Prússia Oriental em no mês anterior. A partir daí, o principal quartel-general de Hitler passou a ser em Zossen perto de Berlim.
Dois dias depois da saída do Fuhrer, foi decretado que o complexo deveria ser destruído mas tal só aconteceu na noite de 24 para 25 de Janeiro de 1945 com recurso a várias toneladas de explosivo. A título de exemplo, foram precisas cerca de 8 toneladas para demolir um bunker e há relatos de testemunhas que observaram fissuras no gelo do lago Siercze.
A 27 de Janeiro de 1945, o Exército Vermelho tomou o complexo sem qualquer resistência.
A limpeza dos campos minados em redor do complexo (cerca de 72 hectares de floresta e 52 de terrenos) só foi terminada em 1955 e foram descobertas e desactivadas mais de 54 mil minas.