Para compreender a complexa mística do fabuloso exército de voluntários estrangeiros que lutou ao lado do Reich durante a guerra é necessário remontar no tempo até à primeira época do partido nazi. Poucos anos depois da fundação do NSDAP surge a necessidade de criar um corpo de elite, destinado a proteger os chefes nazis nos comícios e concentrações. Por esta razão foram fundadas as SS, as Secções de Protecção do partido nazi.
Num primeiro momento, as SS fazem parte das SA ou Secções de Assalto, organização paramilitar destinada à luta de rua. Mas após a sangrenta noite das facas longas, as SS são reconhecidas como organização independente dentro do partido.
Poder absoluto após a Noite das Facas Longas
Nessa altura, Heinrich Himmler, SS-Reichsfuhrer ou chefe nacional das SS, dividiu a sua estrutura em dois grandes ramos: a SS-Allgemeine ou SS-General e a SS-Verfungungstruppe (SS-VT) ou tropas militarizadas SS à disposição. Ambas diferentes.
Enquanto a SS-Allgemeine estava concebida como tropa de reforço policial, a SS-VT era totalmente uma organização militar, e como tal começou a desenvolver-se.
Em Fevereiro de 1933 cria-se a SS-Totenkopfverbande, destinada ao serviço da guarda dos campos de concentração, organizada em cinco batalhões sob o comando do inspector de campos de concentração e general das SS Theodor Eicke. Em Agosto do mesmo ano, Hitler, mediante um decreto ultra-secreto, dispõe que as SS-VT sejam instruídas como organizações militares, com equipamentos fornecidos pela Wehrmacht. Ao mesmo tempo decreta a aceitação de voluntários nórdicos não alemães.
Em 1935, a SS-VT está organizada em dois regimentos: o primeiro, aquartelado em Munique, e o outro, em Hamburgo. À margem, existe o corpo de guarda de Hitler, conhecido como Leibstandarte Adolf Hitler.
Com a anexação da Áustria ao Reich em 1938, Himmler cria outro regimento em Viena, e em Novembro é formado em Dantzig um corpo das SS, integrado por oficiais da Totenkopfverbande.
Estala a guerra: nascem as Waffen-SS
Quando a Alemanha atravessa a fronteira polaca, a 1 de Setembro de 1939, a SS-VT está organizada em três divisões, um regimento motorizado e catorze regimentos de reforço policial. Também é criada a SS Haupt Amt, departamento de recrutamento das SS, com o general Berger à frente.
Em princípios do ano 1940, Andreas Schmidt, líder da comunidade germânica da Roménia e Transilvânia, propõe a Berger o recrutamento dos volksdeutscher, os alemães étnicos súbditos de países estrangeiros.
Em Março de 1940, Himmler adopta o título oficial de Waffen SS, e o contigente de estrangeiros soma uma centena de homens, entre os quais cinco norte-americanos de origem alemã, três suecos e quarenta e quatro suíços. Mas a invasão da Dinamarca e da Noruega em Abril abre novas possibilidades, e Himmler põe todo o seu empenho em recrutar voluntários escandinavos. A 20 do mesmo mês autoriza a criação do regimento SS-Nordland, com voluntários dos dois países.
A campanha do Oeste abre também novas perspectivas, e a 25 de Maio constitui-se o regimento SS Westland, com voluntários holandeses e flamengos. No Outono, estes dois regimentos, junto com o alemão Germânia, formam a primeira divisão estrangeira das SS, a Divisão SS Wiking, sob o comando do general Steiner ? um dos melhores generais da Waffen SS.